sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Best thing (bêbado fala inglês)


Como é bom escrever com o grau etílico elevado, não? Tinha que haver lei para isso. Se dirigir, não beba. Mas se beber, escreva! Já liberei os fantasmas em confissões a esmo durante a noite. Sorte de quem lê agora. Só sobraram os prazeres e desprazeres poéticos para compartilhar.


E poesia de bêbado é o que há de mais sincero. Saem boas pérolas dali. Daqui. E, apesar da pressão no crânio, das pálpebras obesas, dos lábios dormentes, e da insanidade temporária, que pessoas interessantes ficamos depois de uns copos! Tão articuladas e sem pudores... tão engraçadinhas.


Fora que ninguém eleva o grau etílico sozinho. Tem sempre um amigo tão ruim quanto para acompanhar as bobeiras e destemperos. Mas tem que ser amigão mesmo, baú sem chave, ou o dia seguinte pode virar literalmente uma dor de cabeça.


Afinal, do que é que eu estou falando? Estou falando que amizade é a melhor coisa da vida. E com acompanhamento então... é uma festa. Feliz demais por ter os amigos que tenho. Uns tão diferentes dos outros, mas todos perfeitamente compatíveis comigo. Tem gente boa para toda ocasião. Oh sorte! Tudo bem, bêbado ama todo mundo. Mas dá pena de quem se leva muito a sério para se doar a esses momentos.


Tenhamos histórias para contar...


Obs.: tudo com moderação. Esquecer toda e qualquer coisa no dia seguinte também não é legal.



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Brincadeirinha sem fim


Como todo brasileiro que se interesse minimamente por política, pelos rumos que o país está tomando, fico impressionadíssima com a falta de postura no Senado (não só lá, é claro. Mas já que é a bola da vez...). E nem estou falando de bate-boca, dedo na cara, ou xingamentos infantis – sempre precedidos pelo respeitoso ‘Vossa Excelência’. Estou falando do tempo que se perde com discussões improfícuas.


Parece que todos eles se divertem, se sentem mais dignos (e talvez mais úteis), disputando a última palavra, o discurso mais eloquente, a cara mais assustadora. O irritante é que essa testosterona toda só aparece quando se trata de briguinhas ‘lado A X lado B’. É esse o tipo de pauta que os faz pular felizes da cama na SEGUNDA-FEIRA (dia normalmente morto no Senado) e ir discursar – guerrear - no plenário.


E fica nítido os que estão ali essencialmente para aparecer; treinar uma retórica ultrapassada; tentando, aos trancos e barrancos, ressuscitar no cenário político. Aliás, palco político soaria melhor que cenário neste caso.


Mas este post não pretende julgar ninguém, porque condenando-se um absolve-se outro, e não vejo lado algum que mereça defesa ali. A cara-de-pau de quem arquiva todas as denúncias sobre a múmia da política atual é tão desprezível quanto a de quem acusa só até certo ponto, porque a partir dali pode sobrar para todo mundo. Isso fica claro nas defesas estilo ‘devo, mas quem não deve?’, que raras vezes são desafiadas.


As questões: como é que ficam as outras pautas, quando só se fala em múmia? Então a principal utilidade do Senado é discutir corrupção no Senado? Por que não separar um grupo e investigar de uma vez todas as acusações? Por que arquivar tudo num dia sabendo que vai ter recurso no outro? É uma perda de tempo tão ridícula, um desgaste tão irracional, que não é possível que compense.


Mas não tem fim. Essa brincadeirinha não tem fim. Até, é claro, que seja substituída e esquecida assim que um novo escândalo vier à tona. E neste dia o Senado ficará lotado outra vez; e dedos serão levantados outra vez; e xingamentos proferidos; enquanto outros coronéis, cangaceiros de #$%¨$ e múmias tomam novamente os papéis de protagonistas na nossa história.


Que malas que vocês são, meus caros!



domingo, 9 de agosto de 2009

Poeta (sambinha)

O moço bonito, na beira da estrada

Não sabe o destino, mas quer encontrar

Com violão nas costas, sorriso estampado

Não se preocupa em se preocupar


O moço bonito, na beira do asfalto

Não precisa de carro para levar

Vai a pé, vai com o vento, vai sedento

Do que quer conquistar


Tem alma de poeta, numa luta secreta

Ele quer divertir e emocionar

Ele quer divertir e emocionar


Tem alma de poeta, numa luta secreta

Ele quer divertir e emocionar

quer divertir e emocionar


XXX


O moço tão lindo, tão mirabolante

É só um menino que vive o instante

Que fez da vida o que queria fazer

Um glorioso palco pra se conhecer


Tem alma de poeta, numa luta secreta

Ele quer divertir e emocionar

Ele quer divertir e emocionar


(GREDILHA, Beatriz)


**Resultado de um domingo de ócio total. Me desculpem os compositores decentes!


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ou será que tenho?


O post anterior tem uma ressalva. E hoje fiz questão de escrever sobre ela. Eu não tenho mesmo essa inspiração que dá e passa; e vem de dentro de cada um. Quando, e se, der vontade de escrever, é só ter papel e caneta que alguma coisa vai sair - mesmo que seja uma bela porcaria. O quero dizer é que não preciso ver um pombo para começar um livro sobre a paz.

Por outro lado, não posso negar que existam pessoas que me inspiram. Ou, melhor que isso, despertam uma disposição abissal em mim, que acaba por gerar boas coisas. Não é tão comum, não sou de ter heróis (e geralmente nem dura). Mas quando acontece, é como começar de novo.

Outro dia entrei, por acaso, no blog de um artista – que também é jornalista – e, cara, me fez pensar. Não pelo texto especificamente, mas pelo o que ele fez da vida; que é exatamente o que eu sonhava para a minha quando ainda sonhava ‘romanticamente’ com o futuro.

Não acho que basta querer, nem acredito nessas pessoas que dizem “tive coragem e fui”. Acho que tem muita sorte envolvida também. Mas, fato inegável (e totalmente clichê): não posso ter sorte se não for atrás. E esse cara... nossa! Lê-lo foi como olhar para mim mesma num passado recente.. que agora parece tão distante.

“... uma das coisas que mais gosto em mim é essa força que não sei de onde vem... mas que me faz engolir vivo o temor, as contradições, traumas e cansaços para fazer a coisa acontecer de verdade”, ele disse. Lembrei que também já tive orgulho disso um dia. E que hoje o que tenho é uma coleção de medos bobos que só me permitem trilhar o caminho mais fácil. Consequentemente mais chato.

Não sou frustrada, e estou certa de que nunca serei. Porque tenho memória e já fiz muita coisa legal. Mas sei que estou cada vez mais comum; cada vez mais perdida no todo. E tinha deixado de me importar com isso.

Foi na hora certa que ‘tropecei’ nessa figura da melhor qualidade; que, sem querer, me reapresentou a pessoa que quero ser. Pena tratar-se de alguém tão inacessível, porque sei que seria um amigo daqueles caídos do céu, feitos sob medida. Mas já compensa muito saber que existem pessoas assim, corajosas, talentosas, inteligentes; que despertam o melhor do outro sem sequer saber disso. Só sendo quem são.

domingo, 2 de agosto de 2009

Inspiração, não tenho


Descobri que não rola comigo esse lance de inspiração. ‘Meus momentos’ têm muito mais a ver com preguiça. Na verdade com a rara ausência dela. Tem dias em que acordo filosofando e escrevendo até sobre o latido do cachorro do vizinho (hoje, por exemplo, acho que ele estava num momento introspectivo. Deve ser o frio). Tem outros, no entanto, em que só pensar em pegar uma caneta, dói na alma.

Então não é inspiração, é disposição. É a disposição dos escritores e roteiristas que eu invejo um tanto. É a aplicação, a disciplina e, acima de tudo, a volúpia de realizar. Tá me faltando isso. Posso fazer várias matérias por dia – e de fato faço -, mas já está tão automático... não queria que ficasse assim. Prevejo o dia em que vou conseguir escrever sem ler. Show de horror!

Uuh, espero que nenhum chefe em potencial esteja lendo isso. Mas se estiver, com certeza é um jornalista também, e vai saber do que estou falando. Se tem uma coisa que cura qualquer preguiça é o estímulo da novidade, a expectativa do novo. Quando isso falta, amigo, é hora de parar e rever seu caminho. Senão é ladeira abaixo.

Ainda não parei, mas certamente estou repensando. Porque quero muita disposição, quero muito assunto, muitos caracteres. Amo o que faço.. quero fazer melhor!

sábado, 1 de agosto de 2009

Me, myself..

Já disseram mais de uma vez que é preciso manual de instruções para lidar comigo. Será mesmo? Acredito mais na hipótese de que todo mundo tenha muito mais o que fazer além de tentar decifrar a personalidade alheia. O que é uma pena... um desperdício de boas surpresas, que eu não cometo. Mas, para observador ou não, é fato que quando surge um interesse por alguém (seja amigo, namorado ou o que for) não existe fase mais maravilhosa que a da descoberta. É claro que pode vir a ser uma grande frustração também – e para mim quase sempre é -, mas instiga a olhar mais para o outro; e menos para o próprio umbigo. E, cara, descobrir o outro é uma delícia. Eu adoro. Principalmente quando ele se mostra um dos seus.

Pensando nisso, me dei conta de que talvez meus amigos não me conheçam tão bem; que talvez meus ‘amores’ do passado nunca tenham me conhecido; e que provavelmente nem meus pais sabem com certeza quem eu sou. Não porque gosto que seja assim, mas porque me acostumei a ser assim. Ouvir muito mais do que falar, sempre; criar personagens para manter algo aqui, ali; para me equilibrar entre grupos com absolutamente nada em comum. Então tudo isso pode parecer grande esforço, mas na verdade é um esforço muito menor do que seria explicar tanta contradição.

Sou extremamente tímida (e já fui muito mais), mas se me pedirem para subir num palco e cantar, eu canto. Tem gente que vai ler isso e pensar: “Tímida? Não sei onde!”; e outros que dirão: “Não a imagino num palco”. Este é só o exemplo mais óbvio. Então, de uma vez por todas, vou simplificar:

Não gosto de música alta (salvo esporadicamente em boates); amo cachorro; amo escrever, mas sou preguiçosa (meu maior sonho é que inventem um gravador de pensamentos); adoro dormir com o sol nascendo, funciono muito melhor de madrugada; vejo vários filmes seguidos; gosto de cheiro de verão, mas prefiro inverno; odeio acordar cedo; amo sorvete de creme; tiro férias dos amigos (eles entendem); meu quarto é meu templo (também conhecido como masmorra); amo, e às vezes prefiro, ficar sozinha; adoro viajar; queria saber muito mais do que sei; gosto de Fórmula 1, mas não sei dirigir; gosto de caras que gostam de futebol, mas não entendo nada sobre o assunto (dos que gostam, não de jogadores. Odeio jogadores).

Se for para ouvir, que seja MPB, rockzinho ou até um forró; se for para ver, que seja alguma coisa que acrescente (filme de pancadaria e programa da Luciana Gimenez, to fora!); odeio gente que grita/assobia/cospe ou cutuca quando fala; amo chocolate; sou teimosa, mas sei dar o braço a torcer (sério); gosto de beber, assumo (não pela bebida, pelo efeito); dizem que sou mal-humorada.. não sei; não tenho, definitivamente, “paciência para fazer a social”; odeio: pseudointelectuais, gente meiga, gente que faz drama pra tudo e futilidade; adoro cheiro de livro novo, embora ache os antigos um charme; não sei falar ao telefone, às vezes treino antes; quero e não quero namorar; acho que não vou casar, não sei conviver; amo os prédios antigos do Centro; tenho T.O.C., mas de leve; não sei perdoar (estou trabalhando isso); meu sarcasmo me diverte, fato; adoro a lua, adoro o mar; amo meus amigos, família, todo mundo.. embora economize nos elogios.

Muito prazer,
Beatriz Gredilha.

Obs.: é claro que o mais complexo do todo não está aí, nem caberia. Espero que um dia alguém seja capaz de dizer para mim, e não o contrário. Porque, seja como for, essa pessoa será especial.

Conselhos...

Se for fazer merda, faça direito!
Se for meter os pés pelas mãos, antes dê uma olhada em volta,
E certifique-se de que, se cair, não vá levar ninguém junto.
Se já passou da idade de fazer merda, não faça!
Mas se a fraqueza vencer e vc decidir fazer,
então assuma o risco de parecer ridículo, pq será inevitável.
Se sua falta de postura for percebida, opte pela honestidade.
Sempre faz bem..
Mas se vc for realmente bom em enganar, cuidado para q não vire costume;
Ou em pouco tempo nem vc mesmo saberá quem vc é.
Por fim, antes de começar ou continuar a fazer merda,
Pese prós e contras; pese coragem e covardia; pese lealdade e sacanagem.
Pq a vida é uma só, e vc não vai querer estragar isso por pouca coisa!
Confiança não se reconquista.... Não seja ridículo!

(GREDILHA, Bia)

Socorro!!!!!

Ser “esquentadinho”, “impaciente”, “intolerante”, não é mais característica de poucos. Numa época em que cada um corre atrás do seu, sem ter tempo para nada, nem mesmo para respeitar o outro, é difícil controlar reações.

Quem anda pelo Centro do Rio sabe bem do que eu estou falando. É gente correndo, gente entregando papel, gente sem rumo, gente vendendo coisa, gente pedindo dinheiro, gente oferecendo dinheiro (empréstimo), gente pensando na morte da bezerra, gente fazendo show. Tem gente de todo tipo e, quase sempre, do tipo completamente sem noção.

Num cenário desse, raros são os santos que conseguem manter a calma. Mas e para chegar até lá? Você acorda cedo, pega ônibus/trem/metrô lotado, atura horas de aperto, em pé, com direito a cotoveladas, puxão de cabelo, mochiladas, odores estranhos, cabelos alheios que pingam, ambulantes berrando, barrigudos assobiando (é sempre um barrigudo), adolescentes de preto ouvindo barulho ensurdecedor, projetos de pastor, projetos de cantor. Tem de tudo na viagem.

O que esse povo não entende é que, sim, eles têm o direito de gostar do que quiserem. Mas, meu Deus, o mundo inteiro precisa participar disso? Outro dia estava no ônibus, já irritadíssima por ter esperado horas, e eis que entra um grupo de delinqüentes potenciais. Gritavam um funk acompanhado de barulho estridente que vinha de um celular. (Nada contra funk. Não em lugares apropriados.) Minha cara de insatisfação não surtiu efeito, a cara de ódio também não. Tentei a cara de “vou pular no teu pescoço e te matar”, mas não teve jeito. Até que uma senhora, muito corajosa, perguntou em tom de brincadeira: meu filho, será que não tem outro repertório aí não? Pensei: eles serão educados e pelo menos o volume dessa porcaria vão baixar. Doce ilusão. O estúpido respondeu: o celular é meu e vou ouvir o que eu quiser.

A senhora? mudou de lugar. Eu? Nutri um sentimento inclassificável por aquele elemento durante toda a viagem. Que ideia é essa de educação, de respeito? Ele pode ouvir a meleca que quiser no raio que o parta. Eu é que não sou obrigada a compartilhar disso.

Mas, enfim, se você costuma passar por situações como essa e chegar perto do descontrole (como eu), agradeça todos os dias ao iluminado inventor do MP3. Se Pedro Bial aconselha a usar filtro solar, eu aconselho a usar... MP3. Sempre. Todos os dias. Vá por mim, é uma questão de sanidade mental.