sábado, 6 de setembro de 2008

Bem mais que os meus vinte e poucos anos



Vinte e poucos anos. Vistos de perto têm muito pouco de tudo aquilo o que a gente sonha e planeja na adolescência. Também, não dava para ser diferente. Os adolescentes que me desculpem, mas ôh fase sem noção. É gostar de ser jovem, mas querer ser mais velho; é planejar o futuro, mas querer tudo na hora; é querer algo mais do que qualquer coisa e, em um mês, odiar aquilo; é se apaixonar uma vez por semana; amar a escola, mas odiar as aulas; não suportar nerds, mas, sempre que puder, dar uma de sabichão; ou então ser nerd, odiar os ‘pops’, mas tentar a todo custo ser aceito por eles.

Adolescência é contradição, é imediatismo, é ansiedade. Mas, apesar disso, eles sabem o que querem. Não quer dizer que vão querer por muito tempo, mas sabem exatamente o que querem. E não param quietos até conseguir. Não sei em que momento isso muda, não sei quando mudou para mim, mas a gente deixa essa coragem em algum lugar do caminho e acaba esquecendo que já teve. É uma responsabilidade repentina, é um medo repentino, preguiça para coisas diferentes das usuais, disposição para coisas ainda mais estranhas. Chega uma hora que tudo fica estranho, e é nessa altura que a palavra certeza torna-se cada vez mais rara.

‘Fiz a faculdade certa?’, ‘Estou no emprego certo?’, ‘Já estou velha para ter cabelo comprido?’, ‘Será que devo morar sozinha?’, ‘Namorado sério agora quer dizer casamento?’, ‘É hora de casar?’, ‘Viajar ou comprar um carro?”. São tantas questões e tanto tempo pensando nelas que quando a gente vê não realizou nada. O lado bom de tudo isso é fácil reconhecer: são só vinte e poucos anos. Com dúvida ou sem dúvida, tudo ainda pode mudar.